Em todo o mundo, 1 milhão de pessoas completam 60 anos por mês, e os números continuam subindo. Só nos Estados Unidos, de acordo com o Departamento de Saúde e Serviços Humanos, o número de pessoas com mais de 65 anos cresceu 37,2 milhões de 2006 a 2016. Em todo o mundo, as Nações Unidas estimam que o número de idosos (com mais de 60 anos) dobrará dos atuais 600 milhões em 2020 para 1,2 bilhão até 2025 e, em seguida, para impressionantes 2 bilhões até 2050. Complicando esta situação, a proporção de familiares mais jovens para mais velhos está diminuindo, criando uma escassez iminente de cuidadores familiares. Se considerarmos este cenário, juntamente com a crescente escassez de profissionais de saúde domiciliar e ainda o fato de que a maioria dos idosos vive em casas que não são projetadas para apoiar suas necessidades, podemos prever uma crise iminente em nossa capacidade de cuidar da população mundial envelhecida.
TECNOLOGIA COMO FERRAMENTA
Muitas organizações sem fins lucrativos e governamentais criaram iniciativas para enfrentar essa situação. Por exemplo, a Parceria Europeia de Inovação em Envelhecimento Ativo e Saudável foi lançada há vários anos pela Comissão Europeia para promover a inovação e a transformação digital no campo do envelhecimento ativo e saudável. Além disso, a OMS introduziu recentemente um movimento para estabelecer comunidades amigáveis à idade.
Embora a ideia de idosos interagindo perfeitamente (e voluntariamente) com tecnologias avançadas possa parecer improvável para alguns, (e há ainda o estereótipo persistente de idosos sem contato ou lutando com novas tecnologias) as estatísticas não suportam esta ideia.
Uma pesquisa do Pew Research Center de junho de 2019 descobriu que pessoas com 60 anos ou mais agora passam mais da metade de seu tempo diário de lazer em frente às telas. Esse aumento no tempo de tela também coincide com um crescimento significativo no uso da tecnologia digital. Enquanto no ano 2000 apenas 14% das pessoas com 65 anos ou mais usavam a Internet, quase 20 anos depois, 73% usavam. E enquanto a posse de smartphones em todas as faixas etárias era muito baixa há duas décadas, hoje pouco mais da metade (53%) das pessoas com 65 anos ou mais têm e usam esses dispositivos. Pesquisas mostram que esse grupo também está disposto a gastar dinheiro com tecnologias avançadas. Uma pesquisa recente da Associação Americana de Aposentados projeta que, em 10 anos, os americanos com 50 anos ou mais gastarão mais de US$ 84 bilhões por ano em produtos tecnológicos.
É evidente que as gerações mais velhas continuarão a compor uma grande porcentagem da população mundial à medida que o tempo passa. Infelizmente, os sistemas para cuidar desses idosos ainda são baseados principalmente em modelos do século XX que são elevados tanto em despesas quanto em tempo de pessoal prático. Para reduzirmos a carga de atenção e, ao mesmo tempo, atendermos às necessidades desse segmento crescente da população, a atenção à saúde precisa permitir que as pessoas assumam um papel positivo mais ativo em sua própria atenção e bem-estar. O uso da tecnologia pode permitir isso através da expansão da assistência à saúde para além do consultório ou hospital tradicional. Essas ferramentas podem incluir coisas como tecnologias avançadas de simulação (por exemplo, realidade virtual [RV] ou realidade aumentada).
Essas soluções inovadoras foram o que provocou a convocação de artigos nesta edição especial — Intervenções de Realidade Virtual para Saúde e Bem-Estar no Idoso — e rendeu uma série de trabalhos de pesquisa interessantes e originais.
Dando início à questão, Huang investiga o papel da presença na eficácia dos chamados ExerGames (jogos que exercitam a mente) para ajudar a melhoria cognitiva em pessoas com mais de 50 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos: um que usava tecnologia não imersiva (computadores e smartphones) para jogar um jogo ao longo de 4 semanas, e o outro que usava um ambiente virtual imersivo (óculos de realidade virtual) para jogar o mesmo jogo pela mesma quantidade de tempo. Os resultados indicaram que a sensação de presença criada pelo ambiente virtual imersivo contribuiu mais para melhora nas tarefas cognitivas do que a condição não imersiva, situando a Realidade Virtual imersiva como uma tecnologia promissora para prevenir o declínio cognitivo em idosos.
Em seguida, Gamito descreveu um estudo controlado comparando o uso de um ambiente ecológico em Realidade Virtual a uma tarefa tradicional de papel e lápis para estimulação cognitiva na população idosa. Os resultados gerais sugeriram que o ambiente em Realidade Virtual teve um impacto positivo na cognição geral, funcionamento executivo, atenção e memória visual. Um estudo mais aprofundado pode ser feito para ver se esses efeitos se estendem ao bem-estar e funcionalidade em idosos com deficiência cognitiva.
Dissanayaka explorou um tema semelhante em suas pesquisas sobre a viabilidade do uso de Realidade Virtual para reduzir a apatia e melhorar o humor dos residentes de capacidades cognitivas variadas em um ambiente de cuidados residenciais de idosos (ou seja, Residenciais particulares para Idosos ou lares de longa permanência para idosos). Após uma sessão de Realidade Virtual os resultados indicaram que a tecnologia reduziu significativamente a apatia nos residentes, e nenhum aumento significativo no medo ou ansiedade foi observado. Isso sugere que a Realidade Virtual pode realmente ser benéfica para os residentes neste tipo de instalações.
AUTORIA:
Brenda K. Wiederhold – PhD, MBA, BCB, BCN
Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking.Mar 2020.
https://www.liebertpub.com/doi/10.1089/cyber.2020.29176.bkw